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Impacto da Desigualdade de Gênero na Saúde Mental: Carga Mental, Jornadas Múltiplas e Adoecimento Psíquico

  • Foto do escritor: Dr. Gustavo de Aguiar Costa Cesar
    Dr. Gustavo de Aguiar Costa Cesar
  • 24 de jun.
  • 4 min de leitura

A desigualdade de gênero é um fenômeno social complexo que afeta diretamente a saúde mental das mulheres. Apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, as mulheres ainda enfrentam uma série de desafios decorrentes de papéis sociais desiguais, muitas vezes invisíveis, que geram sobrecarga emocional e física. Conceitos como carga mental, jornadas múltiplas e o consequente adoecimento psíquico têm sido cada vez mais discutidos nas áreas da saúde e das ciências sociais, justamente por revelarem o impacto silencioso e profundo das assimetrias de gênero na vida cotidiana.


A carga mental diz respeito ao esforço cognitivo e emocional constante exigido para organizar, planejar e monitorar as tarefas do dia a dia — especialmente aquelas relacionadas à vida doméstica e ao cuidado com os outros. Embora muitas dessas atividades não sejam fisicamente visíveis, elas demandam atenção contínua e capacidade de antecipação, como lembrar-se de datas de consultas, listas de compras, atividades escolares dos filhos ou a manutenção da rotina da casa. Esse trabalho é frequentemente delegado às mulheres, mesmo quando elas compartilham o espaço doméstico com parceiros ou familiares. É como se carregassem uma “lista invisível” mental que nunca termina, mesmo quando estão em repouso ou fora de casa.

Esse tipo de sobrecarga emocional é desgastante e muitas vezes invalidado socialmente, o que contribui para o sofrimento silencioso. A naturalização dessa responsabilidade exclusivamente feminina — vista como “instintiva” ou “maternal” — faz com que muitas mulheres sintam culpa ao não dar conta de tudo, mesmo que já estejam além de seus limites. A sobrecarga da carga mental afeta a concentração, o sono, a autoestima e o bem-estar emocional. Estudos em psicologia e psiquiatria têm associado essa sobrecarga ao aumento dos níveis de estresse crônico e ao risco elevado de transtornos de ansiedade generalizada, principalmente entre mulheres em idade produtiva que conciliam múltiplos papéis.

As jornadas múltiplas referem-se ao acúmulo de diferentes funções desempenhadas por muitas mulheres diariamente: o trabalho formal fora de casa, o trabalho doméstico não remunerado e o cuidado com filhos, idosos ou pessoas com deficiência. Mesmo aquelas que possuem emprego fixo ou carreira consolidada frequentemente continuam sendo as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, o que significa que, ao final do expediente, enfrentam uma “segunda jornada” em casa. Essa sobreposição de papéis, que muitas vezes inclui também o trabalho emocional de manter o bem-estar da família, não é apenas física, mas emocionalmente desgastante.

Ao longo do tempo, esse ciclo gera uma sensação contínua de esgotamento, como se não houvesse espaço para si mesma. Muitas mulheres relatam que não conseguem tempo para o autocuidado, lazer ou descanso, o que compromete diretamente sua qualidade de vida. Além disso, a pressão para desempenhar bem todos esses papéis leva a um perfeccionismo nocivo, que reforça sentimentos de inadequação e fracasso diante de qualquer falha. A constante exigência de performance — profissional, materna, conjugal e pessoal — é um dos principais gatilhos para o adoecimento mental. A sociedade, ao romantizar a figura da “mulher que dá conta de tudo”, acaba normalizando uma realidade insustentável.

Como consequência direta da sobrecarga da carga mental e das jornadas múltiplas, observa-se um aumento significativo do adoecimento psíquico entre as mulheres. Depressão, transtornos de ansiedade, síndrome do pânico, insônia, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e burnout são diagnósticos cada vez mais comuns nos consultórios de saúde mental, especialmente entre mulheres adultas e em idade reprodutiva. Muitas chegam em estado avançado de sofrimento, pois demoram a buscar ajuda devido à dificuldade de reconhecer seus próprios limites ou pela crença de que devem suportar sozinhas a pressão do cotidiano.

É importante destacar que o adoecimento psíquico é multifatorial, mas a desigualdade de gênero é um fator estruturante que agrava e perpetua o sofrimento emocional das mulheres. A ausência de políticas públicas voltadas ao apoio do cuidado, a precarização do trabalho feminino e a invisibilização do sofrimento mental contribuem para que esses transtornos se tornem crônicos. A desvalorização da saúde mental e o estigma ainda existente em torno do atendimento psiquiátrico ou psicológico dificultam a busca por tratamento e, muitas vezes, reforçam a ideia de que sofrimento é “normal” ou “inevitável” para quem exerce tantos papéis. Precisamos, enquanto sociedade, mudar essa narrativa.

Falar sobre saúde mental sob a ótica da desigualdade de gênero é um passo essencial para promover mudanças sociais e políticas mais justas. Reconhecer a sobrecarga enfrentada pelas mulheres — seja por meio da carga mental, das jornadas múltiplas ou do adoecimento que disso decorre — é um ato de cuidado coletivo. Mais do que nunca, é necessário fomentar a divisão equitativa de responsabilidades, combater estigmas sobre saúde mental e ampliar o acesso a serviços de apoio psicológico e psiquiátrico. A saúde mental plena só será possível em uma sociedade que valoriza o equilíbrio, o respeito e a equidade de gênero.

Nesse contexto, o acompanhamento psiquiátrico é uma ferramenta fundamental. Agendar uma consulta com um médico psiquiatra pode ser o primeiro passo para esclarecer dúvidas sobre os diferentes tipos de tratamento disponíveis, entender melhor os sintomas vivenciados e iniciar um plano de cuidado individualizado. O Dr. Gustavo de Aguiar Costa Cesar, médico psiquiatra, está preparado para auxiliar mulheres que estejam enfrentando sofrimento psíquico relacionado à desigualdade de gênero, propondo a identificação precoce e o manejo adequado de transtornos mentais. O tratamento pode incluir o uso de medicações, quando indicado, aliado à psicoterapia, com foco em promover bem-estar emocional, autonomia e qualidade de vida. Procurar ajuda é um ato de coragem — e também de cuidado consigo mesma.

Você pode agendar uma consulta clicando aqui.



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